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As escalas estão curtas e os frigoríficos vêm abatendo menos, disponibilizando, assim, menos carne no mercado. O fim de semana da Páscoa colaborou com o consumo e com a diminuição dos dias de abate.
Somado ao início do mês, quando tipicamente as vendas tendem a melhorar, estes fatores impulsionaram as cotações.
O cenário se estendeu esta semana. O boi casado de animais castrados passou para R$9,50/kg, que representa valorização de 10,9% frente ao preço no início da semana passada, de R$8,56/kg.
No mercado do boi gordo, a dificuldade de comprar os animais faz com que o frigorífico oferte valores maiores. A oferta tem balizado mais os preços do que o consumo, mas a valorização da carne conferiu mais firmeza ao preço dos animais terminados.
Em São Paulo, nos últimos sete dias, a referência do boi gordo subiu R$2,00/@ e atingiu o patamar de R$150,00/@, com relatos de negócios acima deste valor.
Do lado da carne, no entanto, mesmo com pouca oferta, caso o consumo não colabore daqui para frente, é possível que haja desvalorizações, mesmo o frigorífico trabalhando com margens reduzidas.
Quedas de preços para o boi gordo estão praticamente descartadas.
Novos criadores, de todas as matizes, parecem ter descoberto recentemente o mercado de touros. Algo que, para selecionadores tradicionais, foi sempre uma constatação óbvia.
É evidente que a receita da venda dos machos para reproduzir a campo é mais confiável e real do que o mercado de fêmeas “elitosas”, posto que, a venda dessas fêmeas nos leilões de “elite” varia de acordo com o grau de vaidade da plateia, enquanto o mercado do macho é regido pela necessidade de cobrir vacas para gerar um bezerro, transformá-lo em boi e, por fim, em nosso bife sagrado de cada dia.
Tempos atrás o zebuzeiro concorria com os touros cabeceira de boiada. Em seguida, apareceram criatórios de “vanguarda” que, sob o manto de um tal “CEIP” e avaliações genéticas apenas no âmbito de seus próprios rebanhos - abrindo mão descaradamente do caranguejo da ABCZ - transformaram os cabeceiras de boiada em touros de Central.
Posteriormente, selecionadores se entregaram “de olhos fechados” às DEP’s (Diferenças Esperadas da Progênie) e ao cocho, abrindo mão, sem pudor, de qualquer compromisso com o racial, ficando no limite do crivo da ABCZ. Esses criatórios, de marketing agressivo e eficiente, se apoiam em um cenário nutricional impensável para a pecuária extensiva - local onde seus touros servirão - e em “vender” as tais DEP’s como se fossem o resultado final das qualidades daquele produto, e não uma expectativa.
Mais recentemente apareceram os investidores do Nelore. Neste caso, o foco de seus criatórios é a produção de fêmeas para julgamento em pistas, enquanto os machos eram relegados às invernadas do fundo da fazenda, à espera de algum “marreteiro”, ou mandados para abate.
Hoje os famigerados leilões virtuais nos brindam, quase que diariamente, com intermináveis ofertas de um produto que foi acasalado para um fim: a pista, e, portanto, terá desempenho abaixo do esperado na pecuária extensiva, pois vai precisar andar longas distâncias atrás de vacas no cio e braquiária para alimentar-se, pois no cocho só encontrará sal.
Finalmente chegamos ao selecionador, cujo objetivo principal é a produção de reprodutores para cobrir vacas a campo. Apesar das particularidades de cada criatório, o eixo principal dessa seleção é a busca por um animal rústico, comprido, de costelas bem arqueadas, próximo do chão, de racial condizente com os critérios da ABCZ, e com uma régua de DEP’S equilibrada em um programa de avaliação genética confiável.
A pecuária brasileira não pode admitir um touro cabeceira de boiada “ceipado”, “avaliado” apenas dentro de um rebanho e sem o crivo da ABCZ. Nem tampouco um reprodutor fruto da “numerologia” de uma expectativa, criado numa condição alimentar que jamais terá quando for exercer sua função de cobrir vacas a pasto. Muito menos um animal acasalado para ter alto desempenho na cocheira e nas pistas de julgamento, porém totalmente inadequado para cobrir a campo. EQUILIBRIO É TUDO...EM TUDO.
Ulysses Serra Neto
(Março/2012)
A vocação número 1 do homem do campo é a cria. Muitos ao longo do tempo migraram para outras atividades por contingências de momento. Na pecuária, grandes fortunas foram feitas neste País com a cria. Hoje em dia com a margem de lucro cada vez menor, a cria de resultados passou a ser uma difícil equação que poucos pecuaristas conseguem solucionar.
Antigamente havia um ditado: “vaca de tostão, touro de milhão”. Em outras palavras, aquilo que o touro imprime é o que importa. Pode não ser bem assim, mas a carga genética que vem do touro é sem dúvida de importância inquestionável.
Naquela época um touro PO valia muito dinheiro, e nem todos os criadores conseguiam fazer tal investimento. Hoje a oferta de reprodutores melhoradores é muito maior e totalmente acessível a grande maioria dos criadores. Não usar um reprodutor PO avaliado é o mesmo que comprar sementes não certificadas, como dizia o selecionador Hélio Coelho.
Da mesma forma que existem touros melhoradores, existem touros pioradores. Eles vão piorar todo seu rebanho, num efeito cascata sem igual. Seus filhos serão bezerros piores e conseqüentemente piores matrizes e piores vacas de descarte quando sua vida reprodutiva acabar. Imagine a tragédia se essa vaca produto de um touro piorador acasalar com outro touro piorador? Será o fim de sua pecuária.
Touro é touro e tem que ser PO. O resto é cabeceira de boiada.
Ulysses Serra Neto
(Fevereiro/2009)